- Mãe, me deixa entrar...
- Entre, filha.
- Mãe, posso falar com a senhora? - perguntou Renata, de apenas 8 anos, enquanto sentava-se na beirada da cama de casal.
- O que foi, querida?
- Quando você morrer... Você irá querer flores?
- Filha, mas que pergunta mais repentina... Não procure pensar nisso...
- Apenas quero saber... Vou te dar flores lindas quando você morrer. Vou me lembrar de quão linda e especial você costumava ser para mim...
- Calma. Se forem flores vindas de você, é claro que eu vou aceitar.
- Tá bom. Boa noite.
A menina se retirou do quarto e Ana Paula apagou as luzes.
- Por que diabos ela estava me perguntando isso? Ah, crianças... - pensou consigo. - Melhor eu dormir, meus olhos estão pesando tanto... - fechou seus olhos e adormeceu com um sorriso puro, como o de uma criança. Ela, apesar de seus 39 anos, esbanjava doçura e alegria. Tinha um rostinho de menina, mas a mente de uma mulher.
Acordou na metade da noite. Várias flores estavam ao seu redor.
- Mas o que está havendo? - sussurrou, assustada com o que estava vendo.
Ouviu várias batidinhas na porta.
- Mãe? Mãe, gostou das flores?
A porta se abriu. Renata estava com uma faca na mão. Os olhos da menina estavam negros, lágrimas de sangue escorriam por sua face e sua pele começou a enrugar.
Ana Paula ficou sem reação.
- Boa noite, mamãe.