Coletor de crianças

Sou Raul e melhor amigo de dona Mirtes, ou pelo menos era até o incidente.
Somos imigrantes de uma colônia mexicana, viemos para st. Petsburg em busca de uma vida nova, morávamos todos em um bairro longe do centro, composto praticamente só de imigrantes, na época todos ilegais, agora depois de tanto tempo, boa parte já é considerada cidadãos americanos.
Dona Mirtes tinha uma filha, Maria, ela tinha cinco anos e moravam só as duas em uma casa de madeira não muito grande, dois andares, dois quartos, um porão, uma cozinha e sala de estar. Elas viviam uma vida normal, pelos menos nos dois primeiros anos em que estavam ali. Após algum tempo Mirtes vinha até a minha venda e dizia que Maria estava ficando diferente, não sabia se era a idade, ou se ela estava sofrendo bullying das outras crianças por ser mexicana, mas desde então ela sempre veio a me falar o que estava acontecendo com sua filha.
Alguns dias depois Mirtes abrigou um cachorro de rua, ela o chamava de Miguel, pensando assim que sua filha iria se distrair mais com o novo amiguinho. Porém Maria ficava cada dia mais estranha. Mirtes ouvia ela conversando e quando ela ia até seu quarto ver o que ela falava, via que não tinha ninguém com ela, assim imediatamente Maria mandava sua mãe sair do seu quarto.
Mirtes me dizia que não sabia mais o que fazer, Maria não lhe dava mais ouvidos e nem comia direito, sua única companhia nos dias que estavam se passando eram Miguel, seu cachorro.
Algumas vezes Mirtes dizia ouvir barulhos de passos a noite, andavam em círculos, como se estivessem brincando de ciranda, e quando ela e Miguel iam procurar, não encontravam nada, Miguel sempre ficava tremendo e latindo acuado, Mirtes ficava com um pouco de medo, mas nunca pensou que algo poderia estar acontecendo, afinal elas eram pobres, e sua casa era de madeira, podia ser simplesmente alguns ratinhos andando por ai.
Alguns dias mais tarde, Maria começou a passar mais tempo no porão, já não comia nem duas vezes ao dia e quase não bebia água. Como aconteceu no seu quarto, ela não deixava Mirtes entrar no porão agora.
Mirtes tentava falar com a menina e ela sempre retrucava, dizendo que sua mãe não podia e nem devia controla-la, pois se ela deixasse a mãe dela cuidar dela ela ia morrer assim como seu pai.
Um dia Mirtes pediu para que meu filho, Rafael, a chamasse para brincar, aproveitando essa brecha Mirtes foi até o porão e se viu dentro de um lugar totalmente escuro, levou então sua lanterna, e quando iluminou o quarto, viu vários desenhos feitos em vermelho, mas ela não conseguiu identificar nenhum, com exceção de um que mais parecia um cifre de touro com uma pena amarrada, e fora isso, viu também algumas coisas que pareciam ser escritas, também em vermelho, mas não era nem em espanhol e muito menos em inglês, continham muitos símbolos, alguns pareciam com “X”, outros com uma cruz.
Mirtes estava intrigada observando tudo atentamente ao mesmo tempo que sentia medo, enquanto Miguel não passava da escada e não parava de latir. Mirtes observava tudo aquilo, quando de repente Maria aparece andando rápido até Miguel, imediatamente afugentando-o com um grito para que ele saísse de perto da porta, Miguel correu para fora da casa tremendo, como se algo estivesse correndo atrás dele. Maria em seguida gritou com sua mãe algo como :
‘EU JÁ TE DISSE QUE NÃO ERA PRA ENTRAR! VOCÊ NÃO DEVERIA TER FEITO ISSO, NÃO MESMO! SAIA DAQUI AGORA! SAIA! SAIA! SAIA!’
Mirtes andou até a menina assustada, colocou a mão no rosto dela e disse:
‘Minha filha, porque você está fazendo isso comigo ? O que aconteceu com você ?’
Maria imediatamente deu um tapa na mão de sua mãe para que ela não ficasse encostando em seu rosto e imediatamente disse:
‘NÃO TE INTERESSA O QUE ACONTECEU COMIGO “MAMÃE” EU NÃO PRECISO DE VOCÊ, NEM DA SUA AJUDA, NEM DE NINGUÉM, SAIA DAQUI AGORA!’
Empurrando assim sua mãe e fechando a porta com toda sua força. Mirtes se pôs a chorar sem saber o que fazer, buscou Miguel de volta para casa, pegou seu telefone e ligou para mim, eram por volta das 21 horas, eu ouvia seu choro em soluços e Miguel latindo, eu quase não a entendia, só ouvia um chiado horrível e sua voz tremula, me contando tudo o que tinha acontecido e dizendo algo como ‘Maria não é mais a mesma’ .Quando de repente ouço um barulho alto, e sua voz some com um grunhido, como não conseguia falar com ela, fui até lá para verificar o que tinha acontecido, chegando lá, encontro todas as luzes piscando, todas as portas fechadas, apenas a porta do porão aberta, e pela janela da porta da frente vejo Mirtes caindo aos pés de uma mesa em um grito, forcei então minha entrada, corri em direção de Mirtes, e vi Miguel acanhando deitado no chão embaixo de uma mesa tremendo e latindo todo aterrorizado. Quando cheguei mais perto de Mirtes, vi que sua cabeça sofreu um golpe e estava sangrando, parte de seu crânio estava esmagado, ela com poucas forcas e vontade que lhe restava apontou para frente, em direção a porta do porão, virei imediatamente e não vi nada, olhei para ela novamente e vi que estava chorando e seus olhos se fechavam lentamente, então ela apontou novamente, mas agora para a porta que eu havia arrombado e murmurou ‘fil..ha’ , quando olhei para trás, já em prantos e desespero tentando acordar Mirtes, vejo uma sombra passando, e sua filha parada na parte de fora da casa olhando fixamente para a casa, que de repente abriu todas as portas e janelas, quando eu olhei de novo assustado para a menina, as portas se fecharam, as luzes todas explodiram e as janelas se quebraram, foi um estrondo gigantesco, toda a vizinhança correu para ver, eu estava em prantos e todo machucado , com sangue e vidro em minhas roupas e pele, corri até a parte de fora e não encontrei mais a garota, e quando sai lá fora não a encontrei mais, e toda a vizinhança estava lá, todos olharam para mim horrorizados, me julgando, acharam que foi eu quem matou Mirtes, claro, era mais do que esperado.
Enquanto eu era levado pelos policiais eu vi a garota de mãos dadas com uma figura, parecia uma pessoa de cabelos grandes, mas não conseguia distinguir, eles estavam perto da floresta, e quando olhei novamente os dois tinham sumido.
Demorou cerca de uns dois anos para que eu fosse inocentado do crime, que foi dado sem explicação e simplesmente arquivado, nesses dois anos que eu estive preso, ocorreram mais alguns casos como o de Mirtes, como um incêndio em que encontraram todas as portas abertas, as janelas e luzes quebradas, a casa em chamas e o porão intacto, com algumas escritas estranhas nele, e segundo o que foi relatado, a criança da família sumiu novamente, e sempre alguém era culpado, e sempre esse alguém afirmava ver uma criatura que parecia uma pessoa mas não conseguia distinguir, só que quando aconteceu comigo, apenas uma criança estava com a criatura.O jovem que foi culpado por esse caso, ele disse que viu duas crianças com aquele ser, assim foi também nos outros dois casos que aconteceram ainda quando eu estava preso, sempre uma criança a mais aparecia na historia.
Anos depois eu ainda vivia aterrorizado, sem meu filho que foi morar com a mãe já que sentia vergonha de ter um pai ‘criminoso’, toda noite quando olhava pra janela, via aquela criatura horrenda e via sempre o número de crianças aumentar, e rezava para que eu fosse mandado embora desse mundo logo para que pudesse parar de ser aterrorizado, aquilo sempre me torturou e ainda tortura, dizem que os casos continuam até hoje, eu tento não me envolver mais do que já estou, agora vivo com as luzes acessas, e com meu cachorro em casa, não saio mais e não quero mais ter filhos, não depois do que aconteceu, só espero que essa ‘corrente’ de assassinatos chegue ao fim.

PQP que foda mano me deu um calafrio do capiroto faz mais pá nois??