Terra maldita

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    NoT /\LoNE ::: Brincadeira Perigosa

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    Mensagem por NinfarZ Sex Set 13, 2013 10:26 am

    É noite de Halloween, e ainda não tenho notícias da minha irmã que está em coma no hospital. Eu estou ansioso para vê-la, quero saber como está… Algo aconteceu com a coitada. Agora, o que?
      Minha irmã é mais velha do que eu quatro anos. Ela tem 16 e eu 12. Sou seu irmão mais novo, tendo ela que assumir a responsabilidade de olhar por mim enquanto os nossos pais jantavam na casa de uns amigos. E que provavelmente só iriam voltar no dia seguinte.
     À quem diga que somos muito novos para ficarmos separados dos pais. E têm razão. De fato, somos crianças, tanto eu como a minha irmã Lara, mas sobretudo eu. Contudo na região em que vivemos, o grau de preocupação dos pais com os filhos é, porém, muito baixo, o que é típico dos habitantes da ilha Epsilon. Não por falta de amor, mas sim por puro hábito.
      Eram 22:00 quando eu estava brincando de esconde-esconde com uns colegas. Lara, minha irmã, que estava sentada no passeio de olho na gente – ela tinha recusado entrar na brincadeira, usando a desculpa de que já era muito velha pra isso - falou que ia passar o Halloween na casa de uma amiga: A Jill.
      Pelo que observei, foi a Jill que a convidou, pois percebi que Lara olhava para o celular como quem lia uma mensagem.
     - Posso continuar brincando aqui na rua certo? – Perguntei me aproximando dela, que se levantava indicando a todos que ia embora.
    - Humm… acho que vou deixar dessa vez – afirmou ela – Tome a minha chave quando quiser ir para casa, mas fique atento à porta quanto eu chegar okay?!
     Ela me joga a chave e eu agarro, estendendo o braço em sinal de concordância – Okay, não se preocupe.
    - Espero não precisar mesmo! – Ela se distanciava de nós até desaparecer totalmente das nossas vistas. Nem todas as lâmpadas estavam acesas essa noite, e as que estavam, iriam se desligando uma por uma gradualmente até à última, cuja hora onde há total escuridão são indeterminadas.
     Voltamos então para a nossa brincadeira, e para minha infelicidade e desespero…eu fui “esconder”, coisa que eu odeio, prefiro “procurar”. Eu detesto aquele frio que sobe quando a pessoa que te procura se aproxima de você. É uma agonia. Eu sempre fui muito medroso: tinha medo do escuro, de ser perseguido -  que é o caso do esconde-esconde -, e de várias outras situações que só eu mesmo para me assustar, ou não. Posso estar enganado. Não sei dos temores dos outros, e agora que penso melhor, nem eles devem saber dos meus.
     No meio da “diversão”, quando o Carl, o garoto que me procurava entrou na habitação abandonada em que estava – nem sei como peguei coragem para entrar -, comecei a sentir uma ânsia pra espirrar, seguida de mais outra como sempre acontece. Mas me contive em silêncio.
     Eu estava muito bem escondido: No último piso da casa, agachado atrás da discreta e pequena escada que levava ao telhado. O que me assustaria mais, caso fosse encontrado. Contudo, tinha as vantagens de haverem ervas daninhas altas por de baixo da escada; escuridão total; e a própria escada estava bem difícil de localizar.
     «Só faltam dois!» gritou Carl. Pelo eco e claridade do som, ainda devia estar no rés-do-chão. Ainda podia respirar calmamente sem perigo dele me ouvir.
     De repente, ouço passos calmos porem bem audíveis seguidos de um «Quem está ai?!» do Carl. Inalo um perfume com essência de rosas por cima do meu nariz, e então percebo. A Claire, uma menina de onze anos – que entrou no jogo na última da hora - estava escondida no outro canto do piso. Os passos que ouvi foram os seus, e o ecoar e a essência a rosas só indica que ela subira a escada mesmo por cima de mim.
     A essência já é familiar ao meu nariz. Durante a aula de inglês me sento junto dela, e como agradável consequência, fico a aula inteira “envenenado” com o tal odor a rosas. Já até cheguei a pensar que ela fazia de propósito. Não duvido de nada.
     A brincadeira não durou muito mais para acabar, e para minha surpresa, eu sai vencedor. Nos reunirmos no ponto onde havíamos começado o jogo e ficamos conversando um pouco, antes de irmos para casa. No meio da conversa, quando falavam de quem estava escondido em conjunto, percebi no sorriso e no olhar denunciador da Claire. No mesmo instante veio um pensamento na minha cabeça: «Ela sabia que eu estava naquela casa? Ela me seguiu? Não, eu teria ouvido.»    
     Mais tarde pelas 23:00, recebi uma noticia terrível…o pai da Jill encontrou a minha irmã sentada no sofá completamente imobilizada… Ele veio falar comigo tentando me acalmar, dizendo que iria ficar tudo bem e para eu ir para casa descansar. Mas eu estava com muito medo. Estava com medo do que tenha acontecido com ela. Uma possibilidade arrepiante surgiu: «Será que foi a Jill?»
     Pior que o fato de a Jill não estar em casa quando o pai chegou, levou todo mundo a pensar que foi isso que se sucedeu. Eu também só vejo essa possibilidade infelizmente. «Jill. “Melhor amiga” da Lara Dawren, foi a culpada.» É o que imagino ver nos jornais amanhã de manha, quando acordar melancólico e de alma destroçada, após uma noite de pesadelos intermináveis... Tendo que assistir a reacção dos meus pais ao caírem na real. 
     Ainda com lagrimas na cara, abro a porta de casa. As luzes estão apagadas, e como esperado, meus pais ainda não chegaram. Ainda bem. Quero ficar sozinho, sem ninguém para partilhar a dor e a agonia. Isso será amanha…
     Tento abrir a porta do banheiro para lavar a cara, mas está trancada. Meus pais devem ter trancado e guardado a chave antes de saírem. Não sei, talvez tivesse algum entupimento ou assim. Já houve casos desses.
     Fui na cozinha mesmo. Liguei a torneira e joguei água na cara. Uma água fresca e gélida, mais do que o normal. Mas não me incomodei com isso. Afinal é outono, uma estação fria. Me seco com uma toalha, caminho até a sala, e deixo cair o corpo, mole e fraco pela tristeza, no sofá
     A casa não é pequena, mas também não é grande. Tem três quartos: o da minha irmã, o meu e o dos meus pais, 2 banheiros a sala e uma cozinha. Não digo que seja pequena, mas também não é nada para se gabar.
     Podia muito bem adormecer ali onde estava, e esperar pelo dia seguinte como se nada tivesse acontecido. É uma estratégia para enganar as emoções, que costumo por em prática em ocasiões como esta. Geralmente funciona, mas nesta específica situação, a tristeza e as lagrimas não podem ser enganadas.
     Não consigo imaginar viver sem a minha irmã. Quem olhará por mim de agora em diante? Não meus pais de certeza… Em Epsilon é: adultos para um lado, crianças e adolescentes para outro. É dessa forma que parece funcionar. Até hoje nunca entendi a razão disso. Hábito? É o que eu digo a mim próprio. Eu sei que tem pais que não seguem esse hábito, mas esses são a minoria.
     Um zumbido chama a atenção do meu ouvido. É fino e inconfundível. Ainda deitado sobre o sofá, olho de relance para a TV, e como temia, a encontro ligada. Avisto o controle encima da mesa, e abandono logo a hipótese de ter sentado nele.
     O que aconteceu? Dou por mim de boca entreaberta e com um ar de gato assustado, encarando profundamente o ecrã que acabara de acender mesmo em frente aos meus olhos. Devagarinho me sento no sofá, não largando os olhos da tela escura mas claramente luminosa, quando uma imagem surge por um curto instante no mesmo, seguida de outra que permaneceu. Era uma filmagem.
     Não identifiquei a primeira, contudo, na segunda, me assustei e arregalei os olhos ao ver a minha irmã na tela… Então entendi. Aquela é a casa da Jill.
     Cerrei os punhos ao ver a cena na TV: A Jill foge da casa, deixando Lara para trás. Ouço o trinco da porta soar.
     Me sentia irritado. Quem a Jill pensa que é? Porque fazer uma coisa dessas?
     A gravação continua: Lara entra em desespero e corre para uma mesinha no centro da sala. – onde ela estava desde o começo da gravação – Em cima da mesa tem um computador portátil. Vejo-a mexer nele com convulsão, constantemente lançando um olhar medroso para a porta do corredor, parcialmente fechada.
     Franzi as sobrancelhas. Não tenho a menor ideia do que estou vendo, ou do desespero dela. Mas eu sei que algo vai acontecer. Algo que só ela deve saber naquele momento. Ao pensar nisso, olho de relance para o corredor da minha casa, com medo de que isto tivesse algo a ver comigo. E logo uma questão perturbante e óbvia surge: Como que a TV ligou sozinha? Como que essa gravação está aqui?
     Agora vejo com temor e horror o que minha irmã esperava ao olhar para o corredor… Uma figura humanóide e pálida está grudada por trás da porta infelizmente transparente. O medo está agora estampado na minha face, assim como o culpado…
     Não é Jill, mas sim Ninfar.
     As características do que acontece na gravação vão a respeito dessa figura… Ninfar. Sempre brinquei com seu nome. Dizia ser uma mera lenda urbana criada para impedir crianças de vaguearem pela ilha no Halloween. Para não infernizarem os habitantes. Ou para não se encrencarem.
     Nunca imaginei ser real…
     Observo com atenção a horrível criatura que acaba de abrir a porta. Está agora na sala, junto com minha querida e condenada irmã. Noto o longo cabelo da figura pálida a poucos metros de Lara, e na forma aterrorizante como se desloca: rastejando pelo chão com uma expressão dolorosa e movendo os braços como se estes estivessem mortos.
     Entendo agora. A criatura não abriu a porta. Esta tinha um mecanismo temporizador. E o computador… algo no computador devia solucionar tudo para Lara. Trancar a porta do corredor? Destrancar a porta da saída? É capaz.
     E a Jill? Seria o Ninfar disfarçado?
     Já ouvi umas histórias do Ninfar que diziam que ele pode tomar posse do corpo humano. Se tudo isso for verdade, não hesitarei afirmar que foi isso que aconteceu.
     Ou… vai que é uma pegadinha e minha irmã está sã?
     Não. De jeito nenhum ela faria isso. Alias, o medo dela na gravação é totalmente genuíno.
     Mas agora… Porque que essa gravação está aqui?
     A resposta é instantânea. Se ele quis que eu visse tudo o que aconteceu com minha irmã, ou seja, saber a verdade sobre ele, não é para meu benefício. Pois agora que sei a verdade. Ele quererá ocultá-la, e será obrigado a isso para o seu próprio bem. A gravação seria só para aumentar a tensão e o medo, imagino.    
     Eu sou o próximo.
     Com um pulo, salto do sofá, olhando ao meu redor amedrontado. De repente, um inconveniente cheiro a rosas paira pelo ar da sala, me fazendo arregalar os olhos de surpresa.
     Claire. A vejo inocentemente encostada na parede do lado da porta de saída.
     Em menos de cinco segundos entendo tudo, deixando sair um pequeno «Não…» Fazendo-a sorrir com a minha incredulidade. 
     Já sei o que acontecerá… «Ela será a minha Jill» penso, relembrando o seu comportamento no jogo do esconde-esconde. Agora as peças do puzzle finalmente se encaixam. Um puzzle que só agora me dei por ele. Mas que esteve aqui o dia todo.
     A “Jill” fugiu de casa e tomou posse da Claire, e a garota que esteve no jogo; que esteve escondida comigo estrategicamente - talvez para eu relembrar a essência de rosas quando “ela” infiltrasse na minha casa - … essa “garota” era o Ninfar.
     Agora é minha vez.
     Ela vai a caminho da porta quando para e volta a cara pra mim, soltando um pequeno risinho – Feliz Halloween.


    História escrita por: Tasso Lima (NinfarZ / RadeonZ9)
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    Mensagem por Eter Sex Set 13, 2013 4:15 pm

    Muito bom cara, ficou meio estranho colocar o próprio nick na história, mas não a deixou menos interessante !!
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    Mensagem por NinfarZ Sex Set 13, 2013 4:23 pm

    Eter escreveu:Muito bom cara, ficou meio estranho colocar o próprio nick na história, mas não a deixou menos interessante !!
    O nick foi criado para esse personagem, eu só uso o nome dele para o representar. Ele foi um dos primeiros personagens criadas pelos usuarios aqui no forum. Na verdade já o tinha criado muito antes de entrar. Smile

    Mas vlw ae! Very Happy
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    Mensagem por NinfarZ Dom Nov 17, 2013 9:39 am

    Eter nunca mais voltou Sad
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    Mensagem por raulplay Dom Nov 17, 2013 9:53 am

    que triste
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    Mensagem por Yuki-Chan Ter Jan 14, 2014 8:02 pm

    Claire vou me inspirar nela...
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    Mensagem por Yuki-Chan Qua Jan 15, 2014 9:16 am

    Nin postei essa história num fórum que visito(botei seu nome la não roubo créditos de amigos)todos gostaram visita-la o nome é mad house
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    Mensagem por Noite Qua Jan 15, 2014 9:59 am

    Não coloca o nick, coloca o LINK porque se não vai arranjar problema com O TERRA invés do Ninfar U.U

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